Uma amoreira e a revolta do povo de Alfarazes

O que vou contar, ouvi contar. Se já acrescentaram pontos, não sei. Eu só altero o espaço temporal.
Para mim, foi tudo no mesmo dia, mas não foi, foi em vários.
A Agenda 2040 chegou em várias carrinhas com muitas personalidades.
Após o protocolar cumprimento:
Agenda: Então quem costuma limpar isto?
Alfarazes: Somos nós, mas devia ser a Câmara, que não limpa
Agenda: E a fonte romana?
Alfarazes: A fonte é nossa, mas a Câmara é que devia tratar dela, e como se pode ver está uma desgraça. Qualquer dia desaba.
Agenda: E a amoreira? Estão a ver que está a morrer e vamos cortar.
Alfarazes: O quê? Vão cortar? Não se atrevam. Faz parte das nossas memórias.
Mais de 100 anos de memórias. Os nossos avós vinham aqui apanhar amoras. Os nossos pais também e nós continuamos. Não se atrevam. Esta é a nossa árvore.
Agenda: Mas está velha, doente e é um perigo para todos.
Alfarazes: Vejam estas fotografias. Isto é em Espanha. Uma amoreira doente como a nossa. Está ali escorada, cintada, preparada para não cair e continuar a viver. E por muitos anos.
Agenda: Então pronto, ponho aqui umas grades, para afastar as pessoas e se cair, cai.
Alfarazes: Queremos a nossa amoreira tratada, isto tudo limpo e a fonte recuperada. Não se atrevam.
Como irá acabar a história? Cai para a Agenda ou cai para Alfarazes?
Estaremos atentos à amoreira.