Jornal
Expresso on-line - Elisabete Tavares |12:14 Quarta, 6 de Agosto de 2014
Nas vendas a
descoberto (short sale), os investidores pedem ações emprestadas e vendem-nas
na esperança de haver uma queda no preço. Se a aposta resultar, os
investidores podem comprar as ações a um preço inferior, pagar o empréstimo e
encaixar a diferença.
Os fundos de
investimento alternativos que apostaram na descida das ações do Banco Espírito
Santo (BES) podem ter lucrado milhões com o colapso do banco.
A negociação das
ações do BES foi suspensa na sexta-feira. Na altura estavam a cair 40% para
€0,12.
Segundo o
"The Wall Street Journal" (WSJ), um dos dos maiores fundos que
apostou na queda do BES em Bolsa foi o Marshall Wace LLP, que começou a sua
aposta no dia 15 de maio, quando as ações do banco estavam a valer €0,99.
O 'hedge fund'
londrino teria lucrado €27 milhões se tivesse fechado a sua posição a €0,12. O
fundo aumentou a sua posição no BES de 0,51% para 0,85% em meados de junho,
antes de a reduzir para 0,51% no dia 30 de julho, adianta o WSJ.
Não é público
quando o fundo londrino abriu a sua posição no BES nem se a fechou. A
Marshall Wace recusou comentar este assunto.
O Banco de
Portugal anunciou no domingo a divisão do BES em duas unidades: o 'banco mau',
onde ficarão os ativos tóxicos, e o Novo Banco, que vai deter os ativos não
tóxicos, e que vai ser capitalizado em €4,9 mil milhões.
Outro fundo que
poderá ter feito milhões com o BES é a TT International, que aumentou a sua
aposta no banco em junho. Segundo o WSJ, este fundo pode ter lucrado €15
milhões.
O Altair
Investment Management, com sede nas Bermudas, entrou no BES em junho, com o BES
já em plena tempestade na Bolsa, e terá lucrado €11 milhões.
Os fundos
estiveram ansiosos para apostar na queda das ações do BES, mas estavam
condicionados pelo montante de ações disponíveis para fazer o negócio.
Nesta altura,
ainda não é totalmente claro quais os investidores que vão perder dinheiro com
o colapso do BES, que tem como maiores acionistas o Espírito Santo
Financial Group e do Crédit Agricole. No entanto, parece certo que os
detentores de ações do BES poderão perder tudo o que investiram, ou quase
tudo.
Entre os
principais acionistas do banco estão a Silchester International Investors,
com 4,7% do banco, e a BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, com 4,65%.
Ambas recusaram fazer comentários ao WSJ.
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