Segundo um estudo divulgado esta segunda-feira pelo
Instituto de Investigação Económica Leibniz, a Alemanha já ganhou 100 mil
milhões de euros.
“Sempre que houve más notícias sobre a Grécia, as taxas de
juro sobre as obrigações do governo alemão caíram. Quando as notícias eram
boas, as taxas subiram”
“Mesmo que a Grécia
não devolva nem um cêntimo, a bolsa pública alemã beneficiou financeiramente da
crise.” Segundo um estudo divulgado esta segunda-feira pelo Instituto de
Investigação Económica Leibniz, a Alemanha já ganhou 100 mil milhões de euros.
“A instabilidade que a crise provocou na Grécia deixou os
investidores assustados, que procuram mercados seguros e estáveis para
investir. Na Europa, a solução mais segura e estável era o mercado alemão, que
se tornou (ainda) mais atrativo para aqueles que querem investir. Foi
precisamente derivado desta “corrida” para o mercado germânico que o país
conseguiu os 100 mil milhões de euros em poupança garantida, nos últimos cinco
anos, através de baixas taxas de juro sobre as suas obrigações.
Por exemplo, eventos como a eleição do Syriza - a 25 de
janeiro - resultaram numa descida das taxas de juro sobre as obrigações do
governo alemão. Por outro lado, notícias como o “sim” do Parlamento grego aos
pacotes de medidas de austeridade impostos por Bruxelas - aprovados a 15 e a 22
de julho - culminaram numa subida das taxas.
O estudo conclui então que a economia alemã “beneficiou
desproporcionalmente” dessa situação e as poupanças “excedem os custos da
crise, mesmo se a Grécia não pagasse todas as suas dívidas”.
A Alemanha exigiu à Grécia disciplina fiscal e duras
reformas económicas em troca da ajuda de credores internacionais. O ministro
das finanças alemão, Wolfgang Schäuble, opôs-se a uma reestruturação da dívida
grega, apontando para o orçamento equilibrado do seu governo.
O instituto, porém, defende que o equilíbrio orçamental
alemão só foi possível graças às poupanças em taxas de juro por causa da crise
de dívida grega. Os estimados 100 mil milhões de euros que a Alemanha poupou
desde 2010 constituíram cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Segundo o mesmo documento, em pacotes de resgate a Alemanha
investiu - maioritariamente através do Mecanismo Europeu de Estabilidade, Banco
Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - não mais de 90 mil milhões de
euros. Mesmo assim, caso a Grécia não pague nada, a Alemanha já “beneficiou
claramente com a crise”.