Em dia de aniversário da Cidade fui ao baú e encontrei isto. Era um rascunho de um post escrito no principio do ano e que andou esquecido.
Pego outra vez nisto porque muito se tem falado nos famosos "Museus de Arte contemporânea" remédio para todos os males do interior do País e também porque os donos da Cultura de Lisboa, os do Meio, começam a propagandear que Museus Nacionais só em Lisboa. Na Província só Museus provincianos regionais.
O que estava escrito era isto:
Depois de ter ouvido a António Piné as declarações que abaixo sito, resolvi revisitar a sua colecção de arte pelos três catálogos que possuo e conheço, referentes às exposições realizadas.
As Colecções:
Colecção de António Piné – I – Guarda
Maio a Agosto de 1991
44 Obras
Colecção de António Piné – II – Guarda
Novembro e Dezembro de 1995
24 Obras, das quais 3 esculturas
Colecção de António Piné – III – Pinhel
Setembro a Novembro de 1996
33 Obras das quais 9 esculturas
O que disse António Piné, em 2009:
"As Câmaras (Guarda e Pinhel) não têm estofo para fazer a manutenção da colecção".
"O museu da Guarda está votado ao abandono em termos monetários"
"Eu queria o edifício do museu da Guarda para a minha colecção"
"A colecção foi para o melhor sítio"
"O total da colecção pode custar 5 milhões de euros"
"O quadro mais valioso custa para cima de 35 mil contos".
O que foi escrito no catálogo da exposição "Colecção de António Piné III" em Setembro de 1996:
O Presidente da C. M. Pinhel:
"É o primeiro passo impulsionador e importante para a criação em Pinhel da Fundação "ANTÓNIO PINÉ", desejo manifestado por este, pela Autarquia e pelos Pinhelenses".
…. "Esta fundação que todos desejamos ver concretizada muito em breve …."
Professor Canotilho no mesmo catálogo:
"… Por isso dispõe-se a oferecer para um museu a criar em Pinhel a sua valiosíssima colecção de arte moderna …".
Escreveu ainda César Príncipe:
"A terceira vaga das suas aquisições tem agora lugar e, com firmada garantia de que o destino do seu espólio virá a sediar-se no presente edifício da Câmara Municipal da sua terra. O coleccionador culmina assim … após a paixão de ter, a paixão de dar".
"Proximamente pontuará o nosso solo e o nosso consolo mais um museu de arte … Desta feita em Pinhel".
As minhas considerações:
Até agora ainda não ouvi / li ninguém falar / escrever sobre a qualidade das obras da colecção.
Fala-se sempre no seu valor quantitativo, muitos milhões, isto antes da crise económica, até agora o mercado da arte caiu cerca de 50%.
A vaidade desmedida do coleccionador levou-o a pensar que iriam construir um CCB para a sua colecção
O diálogo nunca existiu nem era possível, porque eram posições inconciliáveis.
Mais que a Guarda as gentes de Pinhel devem estar verdadeiramente furiosos com a decisão tomada.
António Piné deve mais explicações às duas cidades que o contrário, pelas expectativas criadas e, pelos vistos, compromissos assumidos com Pinhel.