Foto. Galo de 2011.
A pedido, aqui fica um exemplo do que era o testamento do
Galo, quando este era a personagem principal do evento. Note-se escrito em
2010, até podia ter sido lido este ano.
Texto de Norberto Gonçalves para o Galo de 2010
Sou pobre, talvez por isso A justiça não demore
Querem já dar-me sumiço Então o
sino que dobre…
Já te ouvi mau agoiro Já tenho
pele de galinha Já sinto a aquecer o coiro
Mas a última palavra é minha!...Bem
sei que pareço culpado
Mas há muitos que eu conheço Que
estando aqui ao meu lado Merecem aquilo que eu não mereço.
Vou rezar em testamento Aquilo
que sempre quis E não vos esqueçais
Que muito vós fizestes Do que
dizeis que eu fiz… Por isso deixo minha língua
A todos os que teimam Em dizer
mal da Guarda.
Deixo minhas galinhas Sempre
muito trabalhadoras P’ra que sirvam de grande ajuda À novel vereadora.
As vistosas penas do rabo O
orgulho destas Beiras Deixo ao engenheiro derrotado P’ra que ganhe boas
maneiras.
O bico bem aguçado Fica para o
PSD P’ra que se biquem à vontade Tal como agora se vê.
Deixo minhas miudezas Aos
deputados do PS P’ra que se deixem de finezas E parem de andar aos S’s.
E minha crista vermelha Orgulho
de cantador Vai daqui para Manteigas Para quem foi vencedor.
Aos jornalistas da praça Deixo
minha pena comprida Que continuem a escrever Sem nunca esmorecer Sempre na
justa medida.
As minhas unhas compridas Sempre
prontas a esgravatar Deixo-as aos reis da sucata… Trabalho lhes hão-de dar…
A minha penugem luzidia Que
melhorou com a idade Deixo ao deputado-presidente Que não tem o dom da
ubiquidade.
Deixo o meu esporão Escrevinhador
de truz Aos investigadores do país Que, de Alcochete ao BPN, Enfim, se faça
luz…
Os meus queridos badalos Sempre
prontos a trabalhar Deixo-os aos que não têm Nada que se veja p’ra coçar.
Meu neurónio solitário Como
prémio milagreiro Fica para o que consiga P´rá Guarda trazer dinheiro.
O meu papo esfomeado Que alguns
dizem de feio Deixo aos que à custa dos outros Andam de papo cheio.
O miolo das minhas tripas Esse já
ninguém herda Pois ao longo desta vida Já vi suficiente merda.
E deixo o cego olho do cu P’rá
Justiça portuguesa Que, se tira a camisa ao pobre, O mesmo faça ao nobre Inda
que não haja nobreza.
Tenho pronto o testamento Fui
galo testamenteiro Se sois milhares ou só um cento Que vos faça bom provento:
Um presente melhorado E um futuro
milagreiro.
Nota: Se há por aí textos editáveis e queiram enviar, agradeço.