Os Presidentes da CP (Caminhos de Ferro de Portugal) e da
RENFE (Caminhos de Ferros de Espanha) anunciaram uma ligação ferroviária entre
Lisboa e Madrid em menos de 5 horas. Como não anunciaram quando e com que
investimentos é caso para dizer: Se são técnicos são incompetentes, se são
políticos, estão a mando dos respectivos governos, pois há eleições em breve.
O jornal Público desmonta muito facilmente estas afirmações:
1 – A atual ligação Lisboa-Madrid demora 10 horas e 15
minutos.
2 – Actualmente é possível fazer em 9 horas e 30 minutos se
acordarem os passageiros mais cedo.
3 – É possível ligar Madrid a Salamanca em 1 hora e 24
minutos
4 – Se electrificassem a linha Salamanca-Vilar Formoso e
andando a 160 Km/hora demoraria 50 minutos.
5 – Com estas alterações era necessário fazer de Vilar
Formoso a Lisboa 2 horas e 46 minutos, actualmente esta ligação demora 5 horas.
6 – As infraestruturas de Portugal têm 66 milões de Euros
para 33 intervenções na Linha da Beira Alta a realizar em 5 anos e que é apenas
para repor os atrasos constantes. Para permitir os 200 Km/H necessários teriam
de gastar 700 milhões de euros.
7 – A Linha do Norte teria de ser modernizada para que a
ligação Pampilhosa a Lisboa demorasse 1 hora e 30 minutos.
8 – Concluindo serão precisos investimentos da ordem de 1000
milhões de euros para o comboio fazer de Madrid a Lisboa em 5 horas.
9 – Voltando a concluir: A demagogia tem um limite de 10
horas para estes senhores
PS – A democracia circular
ResponderEliminarElegem-se uns aos outros, votam neles próprios.
O Partido Socialista vai culminar hoje, na Comissão Política Nacional, um processo de escolha dos candidatos a deputados, para as próximas legislativas, que é a mais clara demonstração do arcaico funcionamento aparelhístico interno do Partido.
A questão pertinente é: tem a generalidade dos militantes e votantes socialistas alguma coisa a ver com isto?
Tradicionalmente, através das eleições “diretas” as listas de candidatos a deputados eram sujeitos à votação do universo dos militantes socialistas. Seguro avançou com as eleições primárias nas quais votariam, para além dos militantes, também os simpatizantes.
Isto significava, finalmente, a abertura do Partido à cidadania e o combate ao aparelhismo, o cancro do sistema partidário português e do PS em particular.
Mas Costa ganhou a Seguro (em Primárias que representaram, um reconhecido êxito de abertura do PS) e um dos primeiros atos da nova direção foi promover uma revisão estatutária em que congelou as Primárias e aboliu as diretas.
Aí bradou a oligarquia aparelhística: “o seu a seu dono: o PS é nosso, não é dos militantes nem dos simpatizantes!”.
E ei-los de imediato a exercer o seu “legítimo” poder com a escolha inter-pares dos que se vão refastar em S. Bento, nos próximos quatro anos.
Com exceção de um Presidente de Federação (Bragança), que por ser segurista e para dar lugar ao Secretário Nacional da Organização (Costista), todos os outros Presidentes de Federação ocupam o 1o lugar (designação do SG) ou o 2o lugar, este por “eleição” dos próprios. Com honrosas exceções (algumas escolhas meritórias do SG) as listas são exclusivamente ocupadas por gente dos aparelhos nacional e distritais do PS. Escolheram-se entre si, votaram neles próprios (ex: na votação de um secretariado distrital houve 11 votos a favor da lista, 5 contra e 2 abstenções. Ora dos 11 votos a favor, 10 provieram dos próprios integrantes da lista!).
Claro que a falta de qualidade, de mérito e de ética domina (salvo, sempre, as honrosas exceções que as há como em tudo na vida).
Isto é o completo anacronismo.
Certo, é que não se inova com instrumentos velhos.
Certo, é que o PS não contribuirá para a modernização do país enquanto não se modernizar (abrir à cidadania) a si próprio.