À guarda de Santa Engrácia, a minha cidade
Hoje recorro à opinião de outrem. Sem autorização do
autor, Doutor António Salvado Morgado e sem autorização do “jornal A Guarda” onde
o artigo de opinião foi publicado em 15 julho de 2022. Espero que não levem a
mal e não me processem por esta ousadia. Obrigado
Exemplo número um
Há tempos foi noticiado que a Câmara Municipal havia
adquirido o edifício da antiga Casa da Legião, já há muito num estado lastimável
a ensombrar a Catedral. O edifício, devidamente recuperado, destinar-se-ia à
instalação de um Museu de Arte Contemporânea com as obras da colecção de
António Piné. Recentemente a Câmara Municipal decidiu realizar consulta pública
sobre o futuro daquela casa em ruínas. Oxalá esteja enganado, mas creio que
Santa Engrácia vai ter aqui alguma paciente intervenção para fazer jus à
inspiração criadora dos munícipes.
Exemplo número dois
Há quase um ano foi lançada, com pompa e circunstância, a
primeira pedra para a requalificação do jardim do Largo Frei Pedro da Guarda.
Foi no dia em que este frade franciscano teve honras de festa para se
apresentar de painel restaurado com que a Guarda o recorda. Ou deveria
recordar, porque o painel encontrou-se, em espera de restauro, dezenas de anos
abandonado e maltratado. A pedra memorial da requalificação do jardim foi
selada e enterrada com a participação de autoridades religiosas, civis e
militares. Eu também estive por lá e assisti ao solene acontecimento. Só que
nunca mais se ouviu falar em tal e o pobre franciscano ali se encontra à espera
de poder fazer companhia a S. Francisco de Assis na sinfonia da natureza
florida.
Exemplo número três
O antigo Hotel de Turismo, situado bem no centro da cidade,
fechou há 12 anos e, desde então, procura novos donos, mas parece andar perdido
nos labirínticos percursos administrativos e concursais. Ou, então, ninguém o
quer. Entretanto, de dia para dia, ali se encontra, para vergonha da terra, em
acentuado estado de degradação, a servir de hospedagem à bicharada. Dizem por
aí que o enguiço actual prolonga as vicissitudes de todo o processo com que
nasceu, se ampliou e se deixou ultrapassar no tempo. Se por falta de visão
estratégica local, por falta de ousadia e coragem empreendedora, se por falta
de recursos financeiros ou se por excesso de tricas políticas, diga Santa
Engrácia o que achar da sua justiça. Mas diga-o muito em breve, porque também
«muito em breve» haverá novidades sobre o imóvel, segundo promessa recente da
Senhora Secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços.
Exemplo número quatro
Bem perto da estação de caminho de ferro foi montada uma
estranha estrutura. Estranha, para quem não conhece a história. Destinava-se
ela à instalação de uma locomotiva antiga nos carris que a encimam.
Destinava-se - não sei se ainda se destina. Seja como for, ali está a obra, há
já algum tempo, e a histórica máquina tarda a chegar. E já não se sabe se
chegará. Diz-se por aí. Tenha lá Santa Engrácia paciência com os humanos destas
terras beirãs.
Exemplo número cinco
Diz-se que a Guarda possui uma via de cintura externa. É a
VICEG. É via, mas não chega a ser cintura. Também para o ser, bem precisa Santa
Engrácia de ser rezada para uma obra há muitos anos esquecida. Quem fizer o
percurso dessa via ficará desapontado com a situação em que ela se encontra nas
imediações do quartel dos Bombeiros Voluntários. Claramente ali é interrompida
e ali se encontra a solicitar prolongamento desde que aquela via abriu ao
trânsito, há mais de dúzia de anos. Mas, curiosamente, já nem se ouve falar em
tal. Um dia, ouvi um antigo vereador afirmar que a VICEG estava já terminada.
Demos, então, uma gargalhada bem sonora. Santa Engrácia bem merece uma estátua
naquelas falsas saídas e entradas de cinturas imperfeitas.
Exemplo número seis
Vivo na Guarda há dezenas de anos. E, de vez em quando,
ouvia falar no prolongamento da Rua Nuno de Montemor que, com início nas
instalações da Polícia Judiciária, haveria de terminar no jardim central da
cidade, junto ao Lactário Dr. Proença, instituição criada por aquele escritor.
Diz-se que aquela rua foi assim nomeada, em tempos idos, precisamente por isso.
A entrada do teatro municipal - TMG - ficou virada para essa rua do futuro que
continua a ter a protecção de Santa Engrácia. Dizia-se que a GNR aguardava a
construção de um quartel noutro lugar mais adequado às suas funções. Mas eis
senão quando, ali, à entrada dessa rua do futuro foi recuperado um edifício
para o Comando Territorial da Guarda da GNR. E eu a acreditar nos entendidos a
dizerem que uma estrutura desta natureza deveria situar-se próxima de uma via
de maior fluência. Creio que Santa Engrácia terá dificuldade em entender esta
mudança de agulha, mas não lhe faltará a paciência necessária por continuar a
proteger a Rua Nuno de Montemor, a dignificação do TMG e as futuríssimas
instalações da GNR.
Terminemos em beleza
Com a bênção de Nossa Senhora do Mileu, a requalificação do
conjunto histórico do seu Santuário já terminou. Com a bênção de Nossa Senhora
dos Pastores da Estrela, os Passadiços do Mondego já se encontram, quase, à
disposição dos amantes da natureza. Esperando que Santa Engrácia não se
intrometa no caminho da esperança, com a bênção da Padroeira Senhora da
Assunção já foi adjudicada a obra para a instalação de um órgão de tubos na
Catedral. Em Novembro de 2023 haverá concerto jubiloso, Te Deum solene e missa
cantada. Haja festa.
Guarda,6 de Julho de 2022
Nota minha: Estas são algumas das muitas obras de Santa
Engrácia da Guarda. E se contássemos as obras de Santa Engrácia que ficaram no
papel e nas promessas o “Jornal A Guarda” faria uma edição especial só com
isto.
por que é que o presidente sergio costa não se limitou apenas a apelar a ajuda, a relatar os prejuizos e a eventual falta de coordenação aquando dos incêndios em vez de continuamente se tentar promover com frases do tipo: eu próprio fiz e aconteci, eu, eu ,eu... será legítimo dizer que ele viu e agarrou com unhas e dentes a oportunidade para a sua autopromoção? há várias maneiras de dizer as coisas e pareceu-me que sergio costa optou por aproveitar-se da situação é só analizar as declarações. Não vi a mesma postura no autarca de manteigas e outros é só por isso que lanço esta questão.
ResponderEliminarConfirmo que tenho a mesma opinião. Quando se nota que o autarca sublinha uma e outra vez a sua pessoa nas declarações que fez aos meios de comunicação é como o povo costuma dizer, pra bom entendedor meia palavra basta.
EliminarAlguém que também sentiu que o presidente esteve muito mal nas suas declarações mal (ou nada) fundamentadas: https://ointerior.pt/opiniao/sergio-treze/
ResponderEliminarDeixo a questão, o que fez a guarda em termos de plano municipal de proteção civil? O que está programado, o que foi pensado, e mais do que isso o que foi realizado e implementado? Se fizeram e não passou do papel, então estes incêndios também são da responsabilidade do município.
ResponderEliminarMuito haverá certamente para explicar!