Foto: Jornal Terras da Beira
Felizmente que as entidades que se deslocam à Guarda para
inaugurar o Monumento não conheceramm a Guerra Colonial.
Domingo, 13 de março de 2011, escreveu-se neste Blogue:
Dizem “Descolonizar” e não dizem “Desultramarinizar”
Um Presidente que diz Guerra de África para não dizer Guerra
Colonial ou Guerra no Ultramar
Jornalistas dizem na mesma reportagem: Guerra Ultramarina,
Guerra Colonial, Guerra do Ultramar, Combatentes da Guerra Colonial e
Combatentes do Ultramar
Um comentador que diz de seguida Guerra Colonial e
Combatentes do Ultramar, não pensa no que diz.
Dizem que era assim que se dizia, Guerra do Ultramar, mas
também se dizia na clandestinidade Guerra Colonial
Pelos vistos é tudo igual: Descolonização, Guerra Colonial,
Guerra do Ultramar, Guerra em África, Combatente Colonial, Combatente
Ultramarino, vale tudo, tudo tem o mesmo significado, mas não tem.
Ninguém tem medo das palavras, há o politicamente correcto
na maneira como se dizem e onde se dizem.
50 Anos depois é preciso assumir o que se diz e o que se
faz.
Ninguém está contra ninguém.
Consequências da Guerra Colonial aos Jovens Portugueses:
Quase 9 mil mortos
Cerca de 100 mil feridos ou incapacitados
Quase 20 mil com deficiências físicas
Mais de 140 mil com problemas psicológicos
Mais de 150 mil desertores e refractários
Em 1974 foram mobilizados 150 mil efectivos militares para o
esforço de guerra em África
A guerra sorveu entre 7 a 10% da população portuguesa e mais
de 90% da juventude masculina.
Actualmente ainda há milhares de ex-combatentes a viver em
situação miserável, doentes e sem dinheiro. O Stress de Guerra é uma realidade,
não é a brincar. Há milhares a sofrer, e fazem-se monumentos.
O subsídio Portas varia entre 75 e 150 Euros, por ano, dependente
dos meses que estiveram em zona de guerra.
Recordo que eu fiquei sem 37 me4ses da minha juventude e da
minha carreira.
Felizmente que quem vem inaugurar o Monumento não conheceu a
Guerra Colonial.
Estão a ressuscitar mortos. A espalhar fantasmas. E quem o faz, tem uma mentalidade retrógrada, conservadora, ligada, ainda, ao antes do 25 de Abril. Ora a Guerra Colonial foi um desastre em todas as vertentes:em vidas humanas, em economia, em retrocessos e prejuízos de toda ordem... Não é possível celebrar e lembrar os combatentes sem reflectir sobre a Guerra Colonial e as suas atrocidades e injustiças. Politicamente, foi condenada pelos Resistentes da Oposição e pelos militares de Abril. Erigir monumentos, jogando com a ambiguidade das palavras, dos conceitos e da substância da Guerra colonial, é provocar um debate, nada pacífico, dentro da pacatez da nossa cidade.Não usem os mortos na Guerra Colonial para comprazimento pessoal e para fins espúrios! Não vejam só uma face da"moeda". E os combatentes , ainda vivos, esperam outras coisas mais. Os cidadãos e os conterrâneos querem o julgamento dos responsáveis. E o julgamento da História.
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