sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Já lá vai o tempo em que pregar um prego era uma odisseia

Conta-se que nos tempos das vacas gordas, havia um departamento governamental em que tudo era problema para os outros na defesa do património construído
Conta-se um episódio notável na defesa intransigente de imóveis classificados.
Um dia alguém quis pregar um prego de aço na parede exterior de um imóvel sujeito às regras da classificação, tendo para isso enviado um requerimento.
Na resposta foi-lhe dito que era necessário um projecto. Que sim senhor. Lá foi enviado o projecto, contudo descrito ao pormenor.
Mas, havia sempre um mas, nestas questões da defesa do património. O projecto seria devolvido por insuficiência de dados.
Um técnico pedia as características do prego de aço, um outro técnico pedia as características do martelo para pregar o prego, um terceiro queria saber qual a força que aplicaria o pregador de pregos, um quarto queria saber o lugar exacto onde ficaria o prego, um quinto queria saber qual a tinta a aplicar para disfarçar o prego na parede, um sexto queria saber se o buraco a abrir pelo prego teria relevância para o historial do edifício e por último um sétimo pedia a data e hora em que iria ser pregado o prego para ser enviado um técnico para acompanhar a operação.
Depois de tudo enviado, o prejecto seria chumbado porque não foi indicado o aparelho com que se iria medir a força do pregador de pregos.
Concluindo, o prego não foi pregado porque o pendão que iria ser pendurado no prego já estava desactualizado e o edifício já tinha mudado de dono.
Felizmente que agora as coisas estão muito melhores, pode-se pregar, aparafusar, encostar, pendurar, tapar o que se quiser nos edifícios classificados sem que apareçam os técnicos chatos e nos obriguem a desmanchar tudo e pagar uma coima.

2 comentários:

  1. E o que está no interior da Torre dos Ferreiros?
    Quem deu autorização? estamos a falar de um Monumento Nacional

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  2. Tapar quatro janelas de um edifício como o Museu?! Não brinquem com aquilo que já é nosso património.
    Afinal, não foi, apenas, concedida à Câmara a gestão dos recursos humanos? E mais qualquer coisa... É Hora do Ministério da Cultura tomar uma posição clara, relativamente à municipalização dos Museus. Há um risco enorme de degradação.!

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