Nada de novo é uma crónica de António Ferreira, cronista do
Jornal “O Interior” e publicada em 24 Dezembro de 2019. Sem autorização do
cronista e do jornal, publico a crónica, porque faz um bom balanço dos três
maiores empregadores públicos da Guarda: Câmara, ULS e IPG. Espero que não me
mandem prender. Vai se aspas.
É altura de balanços e haveria muito sobre que falar. Vou
resumir a análise do ano ao estado a que chegaram as principais instituições da
cidade: a Câmara Municipal, a Unidade Local de Saúde da Guarda e o Instituto
Politécnico da Guarda. Sobre o resto saberemos melhor quando concluirmos, mais
uma vez, que o Orçamento Geral do Estado não acompanhou as boas intenções dos
políticos. Mesmo assim, uma nota: o interior apresenta das mais baixas taxas de
desemprego de sempre, embora à custa da falta de gente em idade ativa.
A Câmara continua a seguir o formato implementado por Álvaro
Amaro. Os acontecimentos sucedem-se, de Feira Farta em Noite Branca em Feira
Internacional de Turismo em madeiro de Natal. Periodicamente acena-se com o
possível e futuro cumprimento de mais uma promessa, mas a rotina segue o seu
curso: ruas cortadas para mais um evento, discursos, tudo na mesma, incluindo a
insistência em dissipar dinheiro em trivialidades quando parece não o haver
para o essencial. Mas houve novidades: do lado bom, algo de mais concreto
quanto aos passadiços do Mondego; do mau, visitas da Polícia Judiciária,
suspeitas de corrupção.
A ULS tem hoje o dobro dos funcionários que tinha no tempo
da administração do meu amigo Fernando Girão. Apesar de ter concluído a
primeira fase da construção do novo hospital e arrancado com a ULS, recebeu
como paga processos judiciais, má imprensa e ataques mesquinhos vindos de todas
as direções. Hoje, com quase dois mil funcionários, muitos vindos dos viveiros
dos partidos, contratados sem qualquer justificação ou necessidade, continuam a
faltar médicos, técnicos e enfermeiros. A segunda fase não foi cumprida a
pretexto da austeridade, mas na realidade iria dar lucro ao Estado, como notou
Girão. A verdadeira razão estará na perda de importância da cidade a favor de
outras paragens, no silêncio das administrações seguintes, dos responsáveis
políticos da região e, já agora, da imprensa.
O IPG continua na mesma. As médias de entrada são baixas, o
que é sintoma da baixa procura dos seus cursos. Há cursos que não chegam a
abrir por falta de alunos. É verdade que foi encontrado um novo nicho de
mercado, em África, e a cidade agradece, pelo movimento e pelo colorido. Os
problemas estruturais, contudo, são os mesmos. Ninguém espera, nem eles, que os
estudantes africanos se fixem na Guarda e façam cá a sua vida. Dirão que o
declínio do IPG é consequência do declínio da região, e é verdade, mas isso não
explica porque estão outros politécnicos do interior em muito melhor situação.
Tudo vem ter aqui: nos casos da Câmara, da ULS, do IPG, há
sempre a desculpa do despovoamento, da crise, do esquecimento dos poderes
centrais, mas devia falar-se mais em má governação.
Informação.
ResponderEliminarComo devem compreender, por ser uma mensagem copiada de jornal o Interior os comentários a esta crónica devem ser feitos na página oficial do Jornal o Interior.
A Oliveira
Ora essa se não leio jornais como vou comentar jornais
Eliminar1013
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A Oliveira