Histórias de (des)encantar no bairro do Bonfim

1 – Consta-se que nos tempos idos e naquele cruzamento se juntavam as bruxas e os lobisomens nas sextas-feiras de temporal.
Pois regressaram na sexta-feira passada e foi tal a tempestade que até o painel das obras ficou dobrado, pondo em perigo os pacatos munícipes do bairro.
2 – Foi grande o espetáculo. Um funâmbulo resolveu mostrar a sua arte na Rua Mestre de Avis. Quem não gostou foram as autoridades que retiraram o artista do fio onde apresentava o espetáculo. O artista, esperto, deu voltas e mais voltas, ficando com os atacadores das sapatilhas atadas ao fio. As autoridades tiveram que o descalçar para o retirar. E as sapatilhas lá estão a lembrar o feito.
3 – E tempos não muito recuados, havia uma ribeira que nascia no Jardim José de Lemos, seguia pela actual Rua Mestre de Avis e dirigia-se a Alfares e depois ao Rio Noémi. Com a explosão urbanística a ribeira foi encanada e desviada não se sabe para onde. Por vezes a ribeira renasce e a rua fica um rio, o rio transborda por baixo e por cima e o resultado é visível no belo empedrado da rua.
Moral das histórias: Questões novas deixam-se envelhecer, porque questões velhas já não têm resolução, resolvem-se por elas.
(Nota: De lamentar a falta de fiscalização do dono da obra na questão do taipal)