terça-feira, 31 de março de 2020

Não é só pandemia. Humor na política. Diálogos em dois momentos desfasados em pelo menos quinze dias


Das actas de reuniões da Câmara
Momento 1
Senhor Vereador, eu tentei falar com o senhor, mas o senhor nem me recebeu no seu gabinete, foi à porta. E disse-me, textualmente: a isso vai estar habituada, vai receber muitos. Ora bem, não gostei porque não é assim que eu estou habituada a tratar das coisas. Se eu me desloquei ao seu gabinete foi para não trazer este assunto a reunião, porque achava que não havia necessidade. Não gostei da maneira como me tratou. E, depois, a obra continua a fazer-se, porque ainda hoje passei lá e está a fazer. Não sei bem como é que me está a dizer que foi embargada a obra porque a obra está a ser feita. Eu vou aguardar então pelos esclarecimentos que pedi, porque eu quero ver onde é que está a licença de obra e o que é que foi feito.”
Vice-Presidente: “Senhora Vereadora, cumpro o respeito por todos os munícipes e, como reparou, tinha gente no meu gabinete e interrompi a reunião para a receber. Mas, para a próxima, farei a marcação atempada da reunião, de acordo com a minha agenda. Portanto, vai demorar mais tempo, com certeza, mas eu fá-lo-ei de acordo como trato todos os munícipes. Assim será.
Momento 2
Na altura foi-nos dito que a obra tinha sido embargada, coisa que não veio a acontecer, razão pela qual nós, Vereadores do Partido Socialista, enviámos um email. Esse email já tem quinze dias e não obtivemos qualquer resposta. Acho que já estava na hora de nos darem a informação que pedimos sobre este assunto porque nós também fomos eleitos. Estamos cá, fomos eleitos. Temos que dar resposta às pessoas que nos pedem ajuda. É para isso que nós estamos cá, para servir a população, para sermos voz dos que não podem ter voz cá dentro. Mas, pelos vistos, também não somos ouvidos porque passaram mais de quinze dias e nada nos foi informado.
Presidente: “Senhora Vereadora, só conheço um Parque TIR na Plataforma Logística. Tem que especificar melhor a que é que se está a referir.
Vereadora: “Está lá a firma…
Presidente: “Há um requerimento feito pela senhora Vereadora a pedir explicações? E deu entrada?”
Vereadora: “Exatamente, deu entrada. Se quiser posso passar o email-
Presidente: “Portanto, o seu email, enviado ao Presidente da Câmara Municipal da Guarda, que eu recebi, foi enviado para o senhor Vice-Presidente. O senhor Vice-Presidente encaminhou aos serviços a avaliação desta situação. Verdadeiramente, se não há uma informação escrita, ficam os seus Vereadores a conhecer até pela informação que transmitiu o senhor Chefe de Divisão. Há um auto de contraordenação, há um auto de embargo. O auto de embargo suspende todas as obras até que se aprecie a legalidade da operação que está a decorrer no território e, como tal, não há nenhum objetivo de coartar. Vamos ver se isto fica claro. Os serviços têm uma imensidão de pedidos, de projetos, de trabalho. Nós temos aqui o pedido feito no dia 5 de fevereiro, hoje é dia 19. Catorze dias, já está preparado. Não vamos agora ser tão rigorosos que, pelo facto de ainda não terem tido uma resposta, já é o Município que não quer comunicar aos senhores Vereadores. Vamos ver se nos entendemos numa coisa. Qualquer munícipe tanto pode falar com os senhores Vereadores da oposição, como pode falar com os senhores Vereadores que têm os respetivos pelouros e, como tal, também por esse motivo, não fica limitado o poder daqueles que não têm voz porque se relacionam com determinados Vereadores do Executivo. Mas, ainda assim, têm também outros caminhos para falar com os Vereadores que têm os respetivos pelouros
Momento 3
E depois deste diálogo houve tempo para esta nota:
“E depois, nós estamos de acordo e somos os primeiros”.
“Tive ontem, de manhã, a plantar cinquenta árvores oferecidas pelo Município, cinquenta árvores oferecidas pelo Rotary Club e cinquenta árvores oferecidas pela ULS, no Parque da ULS.”

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