quarta-feira, 4 de março de 2015

Mudam-se os tempos…

Sobre o “desconcerto do mundo”, Nestes tempos de mudança, de trocas e baldrocas, de tira e veste camisa, de ata e desata, lembro um soneto de Luís Vaz de Camões, “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

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