quarta-feira, 8 de junho de 2011

A Caça aos melros

Declaração de interesses. Fui caçador durante muitos anos, agora não caço mas tenho tudo o que é necessário para caçar.
Lembro-me de na minha juventude e na minha terra, todo o bom agricultor ter uns costilos (armadilhas de arame para pássaros) para agarrar pássaros. Na altura caçava-se para comer. Dizia-se na minha aldeia que “com um pássaro e um braçado de cebolas comia uma família inteira”. Era assim a vida.
O grupo a que pertencia na minha aldeia, para aí uns trinta jovens, reservava pelo menos um dia no ano, fins de Agosto princípios de Setembro, para fazer a passarada.
O que era isto? Pois uma caçada aos pássaros.
Marcava-se o dia. Arranjados os grilos e as minhocas, preparados os costilos, as espingardas de pressão de ar e as “Flauberes” espingarda de nove milímetros e fisgas para os mais habilidosos saímos de casa pelas três da manhã para que quando começasse a clarear os costilos estivessem armados na terra.
Felosas, Rabitas, Taralhões, Tordas, Gaios, Pegas e outras aves, de arribação ou não, eram apanhados nos costilos e com as armas e fisgas era uma grande caçada.
Regressávamos a casa antes do meio dia. Durante a tarde depenavam-se os pobres pássaros e à noite fazia-se a festa. Pássaros de cebolada com batata cozida. Um festim.

E foi assim que os melros passaram a ser uma espécie em vias de extinção.
Este ano os responsáveis da caça em Portugal, declararam os melros uma praga e volta a ser autorizado o seu abate. Até 40 por dia. Li.
Uma Federação de caçadores já veio lamentar a decisão e diz que os caçadores não vão matar os coitadinhos dos melros, mas não têm problemas em exterminar alguns predadores e choram pelos melros.
Alguns ambientalistas também com voz embargada vêm em defesa das aves e dizer que se são uma praga os agricultores que resolvam o problema
O equilíbrio para esta gente é coisa que não existe.
Se voltar a caçar e pelas lembranças da juventude talvez mate um melro. Não no meu jardim que andam lá às dezenas, mas no mato profundo, onde nenhum ambientalista mal formado me veja

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